Novas espécies de baleias descritas a partir de fósseis do acervo do MUHNAC
Uma equipa europeia de cientistas liderada por paleontólogos portugueses descreveu duas novas espécies e um novo género de baleias fósseis de Portugal a partir de crânios recolhidos há cerca de dois séculos.
Os espécimes históricos agora estudados, fazem parte do acervo do Museu Nacional de História Natural e da Ciência da Universidade de Lisboa. De primeiros fósseis de vertebrados alguma vez descritos em Portugal tornam-se agora nas mais recentes novas espécies fósseis portuguesas.
Os crânios foram encontrados no séc. XIX, no âmbito de trabalhos numa mina de ouro que funcionava na arriba fóssil da praia da Adiça (concelho de Almada), em sedimentos do Miocénico (aproximadamente há 11 milhões de anos) tendo sido reportados pelo Barão von Eschwege e Alexandre Vandelli em 1831, nas Memorias da Academia Real das Sciencias de Lisboa.
Estes espécimes foram considerados como espécies padrão (holótipos) por Remington Kellogg em 1941 e nomeados como Metopocetus vandelli, Aulocetus latus, Cephalotropis coronatus.
Com o estudo agora publicado estas baleias fósseis são consideradas como pertencendo a um novo género Adicetus, que inclui duas novas espécies: Adicetus latus e Adicetus vandelli, representando os mais recentes membros de uma família de baleias chamada Cetotheriidae.
Esta nova designação resulta de uma combinação dos termos Adiça + Cetus e é uma homenagem à praia naturista da Adiça (também conhecida como praia da NATO), junto à Fonte da Telha na Costa da Caparica, precisamente o local onde a exploração aurífera veio pôr a nu os crânios agora redescritos.
O trabalho foi conduzido pelos paleontólogos Rui Castanhinha e Rodrigo Figueiredo do Centro de Estudos do Ambiente e do Mar (Universidade de Aveiro) e Museu da Lourinhã, Mark Bosselapers do Royal Belgian Institute of Natural Sciences (Bélgica) e Royal Zeeland Scientific Society (Países Baixos) e Liliana Póvoas do Museu Nacional de História Natural e da Ciência (Universidade de Lisboa).
Estas análises, com recurso às mais recentes tecnologias, vêm resolver um enigma com quase dois séculos (o mais antigo na paleontologia de vertebrados portuguesa) relativo à sua afinidade evolutiva pois, muito embora estes fósseis tivessem sido várias vezes reportados por outros especialistas, a sua anatomia não tinha ainda sido descrita e comparada com detalhe agora possível.
Os resultados foram publicados na revista PLOS ONE e podem ser consultados gratuitamente online.
Estas novas espécies encontram-se em exposição no Museu Nacional de História Natural e da Ciência em Lisboa e podem ser visitados de terça a domingo entre as 10h00 às 17h00.