Passar para o conteúdo principal
Ornithopod

Restos osteológicos das coleções do MUHNAC estudados para revisão de Megalosaurus

Um grupo de investigadores, liderados por Elisabete Malafaia, da Universidade de Lisboa publicou um trabalho sobre a revisão de restos osteológicos atribuídos a Megalosaurus.

Megalosaurus foi o primeiro género de dinossáurios não avianos nomeado na literatura científica. Foi descrito há dois séculos, por William Buckland, com base num conjunto de fósseis provenientes do Jurássico Médio de Stonesfield (Ingraterra). Este táxon ocupou uma posição central nos primeiros estudos de dinossáurios terópodes e ao longo do tempo diversos exemplares de diferentes idades e provenientes de diferentes locais um pouco por todo o mundo foram atribuídos a Megalosaurus. Também em Portugal, os primeiros trabalhos paleontológicos sobre vertebrados mesozoicos atribuíam a Megalosaurus diversos fósseis recolhidos em diferentes regiões do Jurássico Superior e Cretácico da Bacia Lusitaniana.

Recentemente foi publicado na revista científica Acta Paleontologica Polonica um trabalho sobre a revisão de um conjunto extenso de restos osteológicos atribuídos a Megalosaurus atualmente depositados nas coleções do Museu Geológico, do Museu Nacional de História Natural e da Ciência da Universidade de Lisboa e do Museu Municipal Leonel Trindade de Torres Vedras. O estudo destas coleções permitiu reinterpretar o material inicialmente atribuído a Megalosaurus como pertencendo a diferentes grupos de vertebrados, incluindo crocodyliformes e diversos grupos de dinossáurios, representados por estegossáurios, ornitópodes, saurópodes e terópodes. Restos osteológicos de dinossáurios terópodes são os mais abundantes na amostra estudada e estão representados sobretudo por dentes isolados e vértebras atribuídas a diferentes taxa, incluindo Ceratosaurus, Torvosaurus e Allosaurus. Entre este material inicialmente atribuído a Megalosaurus apenas 50% podem ser atribuídos a dinossáurios terópodes, enquanto 12% correspondem a saurópodes, 9% a estegossáurios e 8% a ornitópodes. Estas coleções têm uma relevância histórica, mas também um interesse científico, uma vez que algumas das localidades, particularmente na região de Ourém e Batalha, onde os fósseis foram recolhidos durante as últimas décadas do século XIX e início do século XX, não estão atualmente acessíveis. Este estudo acrescenta novos dados sobre a composição das faunas de vertebrados continentais da Bacia Lusitaniana, particularmente em regiões onde o registo fóssil é mais escasso, particularmente em áreas a norte do Maciço Calcário Estremenho. 

O estudo foi liderado por Elisabete Malafaia, investigadora do Instituto Dom Luiz (IDL), Faculdade de Ciências, Universidade de Lisboa (FCUL, Portugal) e Grupo de Biologia Evolutiva da Universidad Nacional de Educación a Distancia (UNED-Madrid, Espanha) em colaboração com paleontólogos ligados ao IDL, UNED e Natural History Museum of Los Angeles County (CA, USA).

 

Referência:

Malafaia, E., Mocho, P., Escaso, F., Narvaéz, I., and Ortega, F. 2024. Taxonomic and stratigraphic update of the material historically attributed to Megalosaurus from Portugal. Acta Palaeontologica Polonica 69 (2): 127–171. https://doi.org/10.4202/app.01113.2023