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Coluna da Diretora | maio 2024

Os últimos três dias foram plenos de emoção, alegria e festa no Museu.

Começámos logo na sexta à tarde (17 de Maio) com a inauguração da nova exposição temporária ‘Um Percurso pela Diversidade Genética Humana’, resultante de um projeto de investigação apoiado pela FCT, e realizada pelo Instituto de Investigação e Inovação em Saúde (I3S) da Universidade do Porto, com colaboração do Instituto de Ciências Sociais (ICS) da Universidade de Lisboa.

Trata-se uma exposição impressionante, que mobiliza a informação mais recente sobre evolução humana – dos últimos 10-15 anos, portanto ninguém ainda a aprendeu na escola. São coisas novas. Cruza a biologia, as ciências sociais e as artes.

As duas ideias mais fortes da exposição são: primeira, que somos todos basicamente iguais a nível genético e que as diferenças que nos enriqueceram e que nos fazem humanos resultam das migrações que realizámos, enquanto espécie, ao longo de 300 mil anos; segunda, a ideia de raça – causa de tantas atrocidades que cometemos uns contra os outros ao longo da história – só existe nas nossas cabeças, não tem qualquer expressão a nível do nosso genoma.

Por isso mesmo, esta exposição complementa de forma claríssima as nossas exposições ditas ‘coloniais’, particularmente a exposição ‘Impulso Fotográfico’, que mostra o enquadramento ‘científico’ das missões antropológicas às antigas colónias portuguesas em África nos anos 50 e 60 do século XX.

Vale a pena visitar, quanto mais não seja para ver – e folhear -- o nosso genoma impresso. Incrível.

Depois, no sábado (18 de Maio), foi o Dia Internacional dos Museus.

É sempre um dia de festa, em que os museus de todo o mundo abrem as suas portas, mostram o que fazem e os seus bastidores, ensaiam atividades novas e convidam as pessoas a participar ainda mais do que é habitual. Este sábado foi um dos dias internacionais dos museus mais participados de que tenho memória no Museu, com muitas visitas a reservas de coleções, visitas ao Jardim Botânico, atividades colaborativas com o Museu da Água, Faculdade de Medicina e Reitoria, entre outros. Contando com o Jardim Botânico Tropical, mais de três mil pessoas cruzaram as nossas portas no sábado.

Finalmente, talvez um dos momentos mais comoventes, pelo menos para nós internamente, tenha sido a entrega do Prémio Carreira da Associação Portuguesa de Museologia (APOM) ao ‘nosso’ César Lopes.

Este ano, os Prémios Carreira da APOM foram entregues em Abril no Museu Municipal Santos Rocha, na Figueira da Foz. Foram agraciados dois trabalhadores do Museu – a Liliana Póvoas e o César Lopes – mas este último por motivos pessoais não pôde estar presente. Combinou-se então com o Presidente da APOM – João Neto – que lhe seria entregue o Prémio, no Museu, no dia 18 de Maio.

Foi uma cerimónia muito simples e tocante. Quer o César quer a Liliana, ambos aposentados mas ainda muito ativos, são muito queridos de todos quantos aqui trabalham há mais de cinco décadas. Atravessaram várias fases do Museu, incluindo o incêndio de 1978, sempre com a mesma dedicação, sentido do dever, solidariedade, simpatia e sentido de humor. Foram – e são – um exemplo para todos nós.

Foi com enorme gratidão e orgulho que assisti, enquanto diretora, a este reconhecimento da comunidade dos museus portugueses ao trabalho do César Lopes e da Liliana Póvoas. Muitos parabéns!

 

Nota: Dois antigos diretores do Museu já receberam Prémios Carreira da APOM: o Professor Galopim de Carvalho e a Professora Ana Eiró.

Marta Lourenço
19 Maio 2024