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Araucaria angustifolia

Objeto do mês

Ligado

Família: Araucariaceae

Este mês, o objeto é vivo, a Araucaria angustifolia, popularmente conhecida como pinheiro-do-paraná, é uma gimnospérmica nativa da América do Sul, especialmente das regiões sul e sudeste do Brasil, abrangendo também partes da Argentina e do Paraguai. Pertencente à família Araucariaceae, essa espécie é uma das mais icónicas das florestas de araucárias, um ecossistema muito característico da Mata Atlântica. A Araucaria angustifolia é autóctone do Brasil, Argentina e Paraguai. No Brasil, é predominante nos estados do Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, São Paulo e Minas Gerais, formando florestas densas que antes cobriam vastas áreas dessa região. Na Argentina, pode ser encontrada na província de Misiones e, no Paraguai, em algumas regiões do leste do país. Esta espécie desenvolve-se preferencialmente em altitudes entre 500 e 1800 metros, em climas subtropicais ou temperados, onde as temperaturas variam de 10°C a 20°C. Tolera bem o frio, com algumas populações suportando geadas e até mesmo neve. Prefere solos bem drenados e ricos em matéria orgânica, sendo comum em áreas com chuvas regulares. Contudo, a degradação dos seus habitats naturais e a desmatação têm reduzido significativamente as áreas de ocorrência conhecida.

Historicamente, a Araucaria angustifolia foi amplamente explorada devido à sua madeira de excelente qualidade, utilizada em construção civil, no fabrico de móveis e papel. Além disso, as sementes, conhecidas como pinhões, são importantes para a alimentação humana, principalmente no sul do Brasil, onde fazem parte da cultura alimentar local. Os pinhões também são uma fonte de alimento para a fauna nativa, como roedores e aves.

Atualmente, a Araucaria angustifolia é considerada uma espécie criticamente ameaçada pela IUCN (União Internacional para a Conservação da Natureza). O principal motivo para essa classificação é a destruição massiva de seu habitat natural, causado principalmente pela desmatação e pela expansão agrícola. Além disso, a exploração excessiva da madeira da araucária no passado, somada à colheita indiscriminada de pinhões, afetou significativamente as populações naturais. Desde 2001, há uma proibição oficial brasileira de exportações de madeira desta espécie. O governo brasileiro também está a promover várias iniciativas para proteger os recursos genéticos desta espécie, contudo, apenas uma pequena percentagem da antiga área de distribuição da espécie é protegida em reservas e parques nacionais.

A fragmentação do habitat, as alterações climáticas e a baixa regeneração natural em áreas degradadas contribui para o elevado estatuto de conservação. A árvore possui um ciclo de crescimento lento, o que dificulta a recuperação das populações em áreas desmatadas. Embora existam esforços para a conservação e a restauração de áreas com populações de Araucaria angustifolia a pressão causada pelas atividades humanas ainda representa uma ameaça significativa para a sua sobrevivência futura. O Jardim Botânico de Lisboa contribui assim para a manutenção desta espécie sendo os Jardins Botânicos importantes ferramentas de conservação da flora mundial, especialmente a mais ameaçada.


 

Araucaria angustifolia (Bertol.) Steud.

This month, the object is alive, is Araucaria angustifolia, commonly known as the Paraná pine. It is a gymnosperm native to South America, especially in the southern and southeastern regions of Brazil, extending to parts of Argentina and Paraguay. Belonging to the family Araucariaceae, this species is one of the most iconic trees of the Araucaria forests, a distinctive ecosystem of the Atlantic Forest biome. Araucaria angustifolia is indigenous to Brazil, Argentina, and Paraguay. In Brazil, it is predominantly found in the states of Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, São Paulo, and Minas Gerais, forming dense forests that once covered vast areas of these regions. In Argentina, it can be found in the province of Misiones, and in Paraguay, in some regions of the country's east. This species thrives at altitudes between 500 and 1800 meters, in subtropical or temperate climates, where temperatures range from 10°C to 20°C. It is well-adapted to cold, with some populations tolerating frost and even snow. It prefers well-drained soils rich in organic matter and is commonly found in areas with regular rainfall. However, habitat degradation and deforestation have significantly reduced its known range.

Historically, Araucaria angustifolia was widely exploited due to its high-quality wood, used in construction, furniture-making, and paper production. Additionally, its seeds, known as "pinhões," are an important food source for humans, particularly in southern Brazil, where they are part of the local culinary culture. Pinhões are also a food source for native wildlife, such as rodents and birds.

Currently, Araucaria angustifolia is classified as a critically endangered species by the IUCN (International Union for Conservation of Nature). The primary cause of this classification is the massive destruction of its natural habitat, mainly due to deforestation and agricultural expansion. Furthermore, the historical overexploitation of its timber, coupled with indiscriminate harvesting of pinhões, has significantly impacted natural populations. Since 2001, Brazil has officially banned the export of wood from this species. The Brazilian government is also promoting several initiatives to protect the genetic resources of this species, yet only a small percentage of its original distribution area is protected within reserves and national parks.

Habitat fragmentation, climate change, and low natural regeneration in degraded areas contribute to the species' high conservation status. The tree has a slow growth cycle, making it difficult to restore populations in deforested areas. Although efforts are underway to conserve and restore areas with Araucaria angustifolia populations, the pressure from human activities continues to pose a significant threat to its future survival. The Lisbon Botanical Garden contributes to the preservation of this species, as botanical gardens are important conservation tools for the world’s flora, particularly the most threatened species.

 

Texto de I Text by: César Garcia, Curador da coleção de briófitos – Herbário LISU, MUHNAC 
Fotografia de I Photo by: César Garcia

 

PROGRAMA ALARGADO

21 novembro, 15h00-16h30

Visita ao Jardim Botânico de Lisboa
Venha descobrir a espécie do objeto do mês, numa visita orientada pelo curador do jardim, César Garcia.
 

Preço: bilhete de acesso ao jardim

Inscrições: 
geral@museus.ulisboa.pt | 213 921 808