História
O Museu Nacional de História Natural e da Ciência (MUHNAC) é a designação pública da unidade Museus da Universidade de Lisboa, criada em outubro de 2011.
A sua história e património têm origem mais remota em 1580 e resultam de quatro linhagens distintas que se cruzam em 1858, 2012 e 2015.
A linhagem local (1580)
A linhagem onde todas as outras convergem inicia-se em 1580 com a doação de Fernão Telles de Menezes (1530-1605) à Companhia de Jesus e a criação do Noviciado da Cotovia (1609-1759) no local onde hoje se encontra o Museu.
Seguiu-se o Real Colégio dos Nobres (1761-1837), a Escola Politécnica de Lisboa (1837-1911) e a Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa (1911-2002).
Dos séculos XVII e XVIII, o Museu preserva arte sacra, relicários, mobiliário, livros e manuscritos, o Túmulo de Fernão Telles de Menezes e de Maria Noronha e o Real Picadeiro do Colégio dos Nobres, com um magnífico teto de madeira e classificado como imóvel de interesse público desde 1978.
A linhagem das coleções científicas (1858)
Foi a Escola Politécnica de Lisboa (1837-1911) que deu um impulso significativo à reunião de coleções científicas e à constituição de espaços para o desenvolvimento das ciências naturais e experimentais, como o Laboratorio Chimico, o Jardim Botânico de Lisboa e o Observatório Astronómico da Escola Politécnica, hoje parte integrante do património do Museu.
O Museu Nacional de História Natural teve a sua origem no Real Museu e Jardim Botânico da Ajuda, criado pela Casa Real na segunda metade do século XVIII. A sua história é complexa e envolve transferências de objetos para o Brasil, mas o Museu foi alojado, por um curto período, na Real Academia das Ciências e transferido para a Escola Politécnica de Lisboa em 1858 – apenas algumas coleções, por exemplo as coleções etnográficas setecentistas de Alexandre Rodrigues Ferreira ficaram na Academia -- tomando a designação de Museu Nacional de Lisboa em 1861.
O Jardim Botânico de Lisboa foi inaugurado em 1878.
Em 1911, com a criação da Universidade de Lisboa, o Museu foi declarado estabelecimento anexo à Faculdade de Ciências, tomando a denominação de Museu Nacional de História Natural (1926).
Em março de 1978, um incêndio destruiu grande parte do edifício principal da antiga Escola Politécnica, assim como as coleções de Zoologia e parte das coleções de Geologia (os arquivos preservaram-se em parte). A Faculdade de Ciências começou então o processo de mudança de instalações que se concluiu 20 anos mais tarde (a última aula ocorreu em 1998 e o último centro de investigação mudou-se em 2002).
Em maio de 1985 foi criado o Museu de Ciência da Universidade de Lisboa com o objetivo de preservar, estudar e divulgar todo o património local fora do âmbito do Museu Nacional de História Natural. Os dois museus passaram a partilhar o complexo da Politécnica.
Em 2003, novos estatutos autonomizaram os dois museus da Faculdade de Ciências, passando a ser tutelados diretamente pela Reitoria da Universidade de Lisboa.
Em outubro de 2011, o Conselho Geral da Universidade de Lisboa criou a Unidade Museus da Universidade de Lisboa, com a designação pública de Museu Nacional de História Natural e da Ciência, resultante da fusão dos dois museus.
A linhagem do património da astronomia (2012)
O Museu já tinha à sua guarda o Observatório Astronómico da Escola Politécnica, um pequeno observatório de ensino criado em 1898.
Em 2012, a Universidade atribuiu ao Museu a responsabilidade de preservar, estudar e divulgar o Observatório Astronómico de Lisboa, localizado na Tapada da Ajuda. Trata-se do observatório nacional português, criado em 1861, e que compreende um magnífico edifício principal, coleção de instrumentos de astronomia preservados in situ, importantes arquivos e biblioteca histórica.
A linhagem colonial (2015)
Desde 2015, o Museu tem à sua guarda o património científico do antigo Instituto de Investigação Científica Tropical (IICT), IP. Este património inclui o Jardim Botânico Tropical, em Belém, arquivos, coleções de cartografia, arqueologia, memorabilia, etnografia, antropologia física, geologia, botânica, zoologia, fotografia e geodesia.
São cerca de 1,5 milhões de objetos e espécimes (quase todos inventariados e profusamente documentados) e 5 km lineares de arquivos (cadernos de campo, relatórios, faturas, cartas, etc), resultantes de 118 missões do governo português às antigas colónias em Africa e na Asia, entre 1883 e 1976.
Entraram na Universidade de Lisboa em 31 de Julho de 2015 (decreto-lei nº 141/2015).
Estas coleções desencadearam um profundo programa de resignificação, acesso e reparação com uma grande diversidade de parceiros, principalmente das comunidades de origem.