Jardim Botânico de Lisboa
Polo do Príncipe Real
O Jardim Botânico de Lisboa faz parte integrante do Museu. Trata-se de um jardim científico que foi projetado em meados do século XIX para complemento moderno e útil do ensino e investigação da botânica na Escola Politécnica de Lisboa.
O local escolhido, no Monte Olivete, tinha já mais de dois séculos de tradição no estudo da Botânica, iniciado com o colégio jesuíta da Cotovia, aqui sedeado entre 1609 e 1759.
Para a sua instalação foi elaborado um projeto de regulamento em 1843. No entanto, é só a partir de 1873, por iniciativa do Conde de Ficalho e de Andrade Corvo, professores na Escola Politécnica, que se inicia a plantação.
A enorme diversidade de plantas recolhidas pelos seus primeiros jardineiros, o alemão E. Goeze e o francês J. Daveau, provenientes dos quatro cantos do mundo em que havia territórios sob soberania portuguesa, patenteava a importância da potência colonial que Portugal então representava, mas que na Europa não passava de uma nação pequena e marginal. Edmund Goeze, o primeiro jardineiro-chefe, delineou a ”Classe” e Jules Daveau foi o responsável pelo ”Arboreto”.
A elevada qualidade do projeto, bem ajustado ao sítio e ao ameno clima de Lisboa, cedo foi comprovada. Mal acabadas de plantar, segundo o caprichoso desenho das veredas, canteiros e socalcos, interligados por lagos e cascatas, as jovens plantas rapidamente prosperavam, ocupando todo o espaço e deixando logo adivinhar como, com o tempo, a cidade viria a ganhar o seu mais aprazível espaço verde e o de maior interesse cénico e botânico. Em pleno coração de Lisboa e em forte contraste com o seu bulício, as cores e as sombras, os cheiros e os sons do Jardim da Politécnica dão recolhimento e deleite. E, tratando-se de um jardim botânico, outras funções desempenha o Jardim, que não apenas as de lazer e recreio passivo.
Em 1878 foi publicado o primeiro catálogo de sementes do Jardim. Após 1892, deve-se a Henri Cayeux o embelezamento do Jardim mediante a introdução e criação de plantas ornamentais.
A maior intervenção na área do Jardim ocorreu no final dos anos 30 e princípios dos anos 40 do séc. XX, por influência do então director Ruy Telles Palhinha: a primitiva ordenação sistemática do plano superior do Jardim foi substituída pelo agrupamento das espécies em conjuntos ecológicos.
As coleções sistemáticas servem vários ramos da investigação botânica, demonstram junto do público e das escolas a grande diversidade de formas vegetais e múltiplos processos ecológicos, ao mesmo tempo que representam um meio importante e efetivo na conservação de plantas ameaçadas de extinção.
Algumas coleções merecem menção especial. A notável diversidade de palmeiras, vindas de todos os continentes, confere inesperado cunho tropical a diversas localizações do Jardim. As cicadáceas são um dos ex-libris do Jardim. Autênticos fósseis vivos, representam floras antigas, que na maioria se extinguiram. Hoje, são todas de grande raridade, havendo certas espécies que só em jardins botânicos se conservam. O Jardim é particularmente rico em espécies tropicais originárias da Nova Zelândia, Austrália, China, Japão e América do Sul, o que atesta a amenidade do clima de Lisboa e as peculiaridades dos microclimas criados neste Jardim.
Na esteira do que acontece na generalidade dos jardins botânicos, também este Jardim, em estreita colaboração com os restantes departamentos do Museu desenvolve, em permanência, ativos programas de educação ambiental, para os diferentes níveis etários da população estudantil e oferece visitas temáticas.
A 4 de novembro de 2010 o Jardim Botânico foi classificado como monumento nacional.
O Jardim foi recuperado em 2016 pela Câmara Municipal de Lisboa, em resultado do Orçamento Participativo.
CLASSIFICAÇÃO
MONUMENTO NACIONAL
Jardim Botânico de Lisboa (2010)
Decreto nº 18/2010, DR I Série, nº 250, de 28 de dezembro de 2010.
Inserido em Zona Especial de Proteção (Portaria nº 221/2013, DR II Série, nº 72, de 12 de abril de 2013).
VISITAS
A parte superior – designada ‘Classe’ – é acessível gratuitamente dentro do horário do Jardim Botânico de Lisboa.
A visita à parte inferior – designada ‘Arboreto’ – carece de um bilhete válido. Ver Horários e Preços. Ver também as Regras de Acesso ao Jardim.
ANTES DE VISITAR
Muitos visitantes, sobretudo durante os meses de verão (que é cada vez mais longo num país do Sul da Europa onde chove cada vez menos), acham que o Jardim está pouco verdejante, mal cuidado e negligenciado.
Não é assim!
Folhas secas e galhos caídos são habitats de biodiversidade
Num jardim botânico, as plantas são mantidas com o aspeto o mais próximo possível do que teriam na natureza, sem intervenção humana excessiva (por exemplo podas ou cortes de folhas secas).
Por outro lado, esta opção ‘hands off’ fomenta pequenos ecosistemas onde insetos e pequenos animais, outras plantas, fungos e liquenes, importantíssimos para a biodiversidade urbana.
No Verão regamos apenas o essencial.
A água é um bem precioso, sobretudo num país como Portugal.
Assim, é possível que a circulação de água seja limitada e que o subcoberto possa surgir mais seco, sobretudo no verão. É uma opção deliberada, que não põe em risco as plantas.
A presença do Jardim no coração de Lisboa atenua os efeitos do aumento de temperatura, promovendo um microclima próprio e a captação de dióxido de carbono.